15 de dez. de 2009

O dia D


   Chegamos hoje, sábado, dia 5 de dezembro, em Brasília. Finalmente volto a escrever em um computador e a usar acentos. Todas as postagens anteriores foram feitas escrevendo com a canetinha do meu HTC Diamond e usando o wifi do hotel em Quito e do Tambopaxi
   Continuo sem sensibilidade nas pontas de todos os dedos das mãos. Sinto um formigamento constante, como se tivesse queimado os dedos. Quando tentei subir o Huaina Potosi, senti esse desconforto por vários meses em um dedão do pé. Espero que o incômodo passe logo.
   No dia do ataque ao cume, quinta-feira, 3 de dezembro, saímos do Tambopaxi de caminhonete às 14h40. Chovia um pouco, mas a chuva parou antes de começarmos a caminhar. Repetimos o percurso que já havíamos feito na terça-feira. Doze quilômetros e 34 minutos depois, chegamos ao estacionamento abaixo do refúgio. Gastamos mais 40 minutos para subir os cerca de 900 m de trilha até o refúgio Jose Rivas. Clique aqui para ver os dados desse percurso transferidos do meu GPS para o Every Trail.
     Chegando ao refúgio, constatamos que o abrigo já estava bem cheio. Havia cerca de 30 pessoas com o mesmo objetivo. Todas as camas mais baixas dos beliches de três andares já estavam ocupadas. Optamos por pegar os colchões do segundo andar de algumas camas e colocá-los no chão em um canto. Tirei as botas duplas que havíamos calçado desde a saída e coloquei as papetes que eu resolvi levar. Foi uma boa decisão! Consegui descansar e relaxar um pouco enquanto via todos andando com as botas de mais de dois quilos pelo pequeno espaço do refúgio.

      Tomamos uma sopa com pão, conversamos um pouco com nosso guia e com outros alpinistas. Encontramos novamente os três eslovenos que havíamos conhecido em Quito quando procurávamos informações sobre os guias. Um deles, que era o mais simpático, estava muito mal e quase não conseguia se levantar. Fiquei impressionado e me lembrei do meu estado no Aconcágua quando precisei voltar.
        Colocamos nossos sacos de dormir sobre os colchões e nos deitamos pouco depois das 18h. Por volta de 18h30, liguei o rádio do meu MP3 e procurei uma transmissão de Fluminense e LDU. Encontrei uma rádio com bom sinal e começamos a ouvir o jogo. Ouvi poucos minutos do jogo e resolvi tentar dormir. Cochilei pouco mais de uma hora e meia e acordei com a respiração ofegante e sentindo minha cabeça latejar. Mudei de posição várias vezes, mas não consegui voltar a dormir. Vi que o Maninho ainda estava acordado torcendo pela LDU e peguei o outro fone para ouvir o final do jogo. Faltavam poucos minutos e o narrador equatoriano estava empolgado e sofrendo com os descontos dados pelo juiz. O jogo acabou lá pelas 20h30 e comemoramos silenciosamente a derrota do tricolor. As luzes estavam apagadas e todos os outros pareciam estar dormindo.
      O Maninho me passou o MP3 e coloquei algumas músicas da Legião para tentar dormir. Não consegui! Ouvi várias músicas, incluindo Faroeste Caboclo e Eduardo e Mônica... minha respiração não voltava ao normal e minha cabeça continuava doendo. Percebi que o Maninho também estava acordado, mas não falei nada e continuei tentando dormir. Passei para algumas músicas do Mark Knopfler e, quando resolvi olhar o relógio, já eram quase 22h. Bateu um desespero e, pela primeira vez, pensei na possibilidade de não conseguir subir.
   Até o começo da noite, eu achava que estava bem aclimatado. Havia dormido perfeitamente nas noites anteriores. Parecia que eu estava bem melhor do que o Maninho. Troquei a trilha sonora para algumas músicas da Juana Molina, consegui relaxar um pouco, tirar as idéias de fracasso da cabeça e dormi pouco depois de 22h30.
   Às 23h45, todos começaram a se levantar para se preparar para a saída. Sentei-me, conversei com o Maninho e percebi que ele estava pior do que eu. Ele não havia conseguido dormir a noite inteira. Arrumamos rapidamente nossas coisas, revisamos nosso material, comemos pão e tomamos chá quente de laranja para nos preparar para a saída. Eu vesti apenas uma meia fina de poliéster e uma meia de lã; uma calça colada de elastano e minha calça dupla da Trilhas e Rumos; no tronco, tudo na North Face: uma camisa fina como segunda pele, um polar fininho e o anorak. Nas mãos, uma luva Titanium da Columbia por baixo da Recon da North Face. Calçamos as botas duplas, colocamos os arnets, pegamos os piolets, demos a última conferida nas mochilas de ataque e saímos.
   Começamos a subida exatamente à 1h01 e fomos os últimos a partir! Usávamos nossas lanternas de cabeça, mas a claridade da lua quase cheia assegurava uma boa visibilidade. Caminhamos um quilômetro em pouco mais de uma hora por uma trilha de terra fofa do refúgio em direção aos glaciares. Chegamos lá e paramos para colocar os crampons. Eu tentava não olhar para o alto para não ver a imensidão branca que faltava percorrer e as luzes das lanternas dos outros se distanciando.
   Continuamos a subir. O Gustavo ia à frente, o Maninho depois, e eu atrás, todos amarrados pelas cordas para garantir a segurança. Os caminhos eram bem estreitos e inclinados. Sentia-me seguro pela segurança do guia e pela firmeza ilusória que os crampons e o piolet me davam. Na realidade, sabia que, com minha pouca experiência, o piolet dificilmente seria útil em uma emergência.
   Eu tentava só olhar para baixo quando a inclinação não era muito grande. Víamos as luzes de Quito e de Machachi. De um lado, raios iluminavam de roxo um dos Pichinchas. Por breves instantes, pensei em tirar uma foto daquela paisagem fantástica, mas o frio e a necessidade de colocar o tripé para tirar uma foto com muito tempo de exposição logo afastaram essa idéia.
   Chegamos a um local em que a neve era bem fofa e eu fazia muito esforço para conseguir subir. Comecei a pensar na noite mal dormida e me deixei desmotivar. Olhei para o alto e pensei em desistir pela primeira vez. Pedi para o Maninho diminuir o ritmo. Mais algum tempo cramponando na neve fofa e tendo que fazer muita força com o piolet e o bastão e comecei a sentir fadiga nos braços e pernas. Eu trocava o bastão e o piolet de mãos constantemente, mas mesmo assim sentia meus dedos congelarem. Falei em desistir e o Maninho lembrou que, quando o sol nascesse, a temperatura melhoraria e eu ganharia um novo incentivo. Eu queria desistir, mas sabia que não poderia voltar sozinho e percebia que o Maninho parecia estar se sentindo bem. Mesmo andando bem devagar, já havíamos ultrapassado alguns grupos e cruzamos com um ou dois que já haviam desistido e voltavam para o refúgio. Resolvi continuar até encontrar alguém que voltasse com um guia para deixar o Maninho continuar. O Gustavo disse que a pior parte havia passado, mas eu não botei muita fé.
   Realmente os primeiros raios de sol me deram alguma energia. Só que eu estava preocupado porque sempre me lembrava da máxima de que o cume é só metade do caminho. Passamos por algumas gretas assustadoras e eu sentia cada vez mais os efeitos da altitude. Mais um pouco e os primeiros a chegar ao cume começaram a voltar. Os dois eslovenos desceram, também uma mulher bem mais velha, os dois casais de americanos... desisti da idéia de voltar e continuamos em meu passo lento e escorregadio neve acima.
     Junto com os primeiros raios da manhã, vem também aquela sensação mística que já experimentei em outras montanhas. Os crentes devem pensar em seus deuses nesses momentos. Eu me lembro de Fernando Pessoa e tenho cada vez mais certeza que deus é o monte e o sol e o luar. E eu não acredito nele em nenhuma hora. Sou um ser vivo insignificante de uma espécie comum subindo uma montanha qualquer ...
    Às 6h49, chegamos ao cume. Por alguns instantes, a euforia de chegar ao cume superou o meu cansaço. Depois da comemoração, tomamos o chá de laranja morno, quase frio, que havíamos levado em minha garrafinha térmica, e peguei a máquina e o celular e comecei a tirar fotos e filmar. Gostaria de ter tirado fotos melhores, ter pensado um pouco mais sobre os enquadramentos, mas não consegui. De qualquer modo, é o tipo de paisagem que a melhor câmera e o melhor fotógrafo não conseguiriam captar com precisão... ficamos cerca de 40 minutos curtindo a paisagem e descansando. Acho que três grupos ainda chegaram depois de nós.

   O Gustavo nos deixou curtir o sucesso, mas logo nos lembrou que deveríamos voltar para chegar ao refúgio antes que o tempo piorasse mais tarde. Mais duas horas de caminhada neve abaixo e chegamos ao final do glaciar. Tiramos os crampones e os arnets, soltamos nossa corda, e começamos a descer pela terra até o refúgio. Em pouco mais de meia hora, pouco depois das 10h, chegamos ao refúgio. Minha cabeça doía muito e eu sentia um cansaço muito grande. Compramos alguns gatorades e tomei um chá. Nem cogitei em tomar a tão sonhada cerveja do refúgio! Gastamos algum tempo arrumando as coisas que havíamos deixado nos armários, descemos até o estacionamento onde a caminhonete nos esperava para nos levar de volta ao Tambopaxi. Clique aqui para ver a rota do refúgio ao cume.
   Chegamos ao Tambopaxi, pegamos nossas mochilas, almoçamos e tomamos novamente a caminhonete para ir até Machachi onde pegamos um micro ônibus (buseta) para nos levar de volta até Quito.
    Dormi às 20h 30 para só acordar às 7h30. Quase totalmente recuperado e sentindo apenas um pouco de cansaço muscular. Fiquei satisfeito em ver que meu físico estava bem preparado. O que pegou realmente foi a adaptação à altitude no último dia.
     Terminei de escrever este texto no domingo à noite, depois de vibrar com a vitória do Botafogo sobre o Palmeiras. Viajei na segunda, dia 7, para Nova York e só voltei para Brasília ontem, dia 14. Meus dedos continuam sem sensibilidade. Apenas revisei o texto escrito há oito dias. Foi bom tê-lo redigido pouco depois. Agora, o sofrimento para chegar ao cume parece algo distante. Já penso em fazer essa besteira novamente...

4 de dez. de 2009

Fotos em alta resolucao no Flickr



Vejam o álbum Cotopaxi 2009 no meu Flickr

Cumbre


Para variar, foi muito mais dificil do que esperavamos. Dez horas de caminhada com muita neve, fofa demais em alguns pontos, subidas muito inclinadas, gretas... mas vistas extraordinarias que compensaram tudo.
Eu quase desisti no meio, mas continuei com o incentivo do Maninho e do Gustavo. Senti muito a altitude depois dos 5000 m e voltei meio grogue.
Agora ja estamos em Quito e prontos para outra. Depois escrevo mais porque a luz acaba daqui a pouco.

2 de dez. de 2009

Partindo


Agora sao 11h52. Estamos terminando de separar o material. Vamos deixar as mochilas grandes com a maior parte das coisas aqui no Tambopaxi.
Para o refugio, vamos levar as mochilas de ataque com o que vamos usar amanha. Ja sairemos com as botas duplas e vamos estrear os sacos de dormir.
Eu vou almoçar daqui a pouco: sopa de lentilhas, frango, salada e um pudim.
As 14h, iremos com o Gustavo, nosso guia, para o refugio. Repetiremos o que fizemos ontem. 4x4 ate o estacionamento e caminhada ate o refugio.
A ideia e dormirmos as 19h e acordarmos meia-noite para nos prepararmos para o ataque. Se o tempo permitir, sairemos 0:30 para chegar ao cume por volta das 7h. No inicio da tarde de amanha, ja estaremos de volta ao Tambopaxi e postarei novamente.
Se o tempo nao estiver bom amanha, cogitamos ficar mais um dia la para tentar subir na sexta.

1 de dez. de 2009

Fotos

Postei algumas fotos nesse outro blog http://fotospescocodalua.blogspot.com.

Refugio


Hoje acordamos as 6h30. Tomei o cafe da manha do Tambopaxi. U$ 8,5 bem gastos!
As 9h, fomos de carro (U$ 25)ate o estacionamento (4.500 m)do refugio. Caminhamos um pouco mais e chegamos ao Refugio Jose Rivas (4.800 m).
Ficamos um pouco la em cima nos aclimatando e depois descemos a pe ate o Tambopaxi. 10 km em pouco mais de 2h, com direito a uma chuva de granizo no final.

Bem perto


Ja estamos com o Cotopaxi ao nosso lado. Saimos de Quito as 12h desta segunda. Primeiro pegamos um onibus (U$ 1,60) para Lacatunga no terminal terrestre sul. 54 km depois, descemos no acesso para a entrada do parque nacional do Cotopaxi. Andamos 100 m ate uma central de informacoes onde pagamos U$ 25 para uma caminhonete nos levar ate as cabanas Tambopaxi. Foram mais 25 km de estrada de terra passando pela entrada do parque onde compramos o ingresso (U$ 10). Chegamos nas cabanas as 14h.
Alteramos nosso plano inicial que era dormir no Cuello de Luna, do lado da entrada do parque, a 3.150 m. Achamos que, para nossa aclimataçao, seria melhor dormir um pouco mais alto: o Tambopaxi esta a 3.700 m.
No domingo, subimos novamente o teleferico e passamos algumas horas nos aclimatando a 4.100 m. Caminhamos um pouco pelas trilhas e descansamos a maior parte do tempo.
O Tambopaxi e bem arrumadinho. Pagamos U$ 40 por um quarto simples sem banheiro. Ha um banheiro compartilhado descendo a escada. E grande e ha pouquissimos outros hospedes. O quarto melhor, com banheiro, ficaria por U$ 80.
O wifi e gratis mas o gerador e desligado as 22h. Uma garrafa de agua de 500 ml, que custava 0,35 em Quito, esta U$ 1,95. Ainda bem que trouxemos purificador!
Agora sao 22h50 aqui. Estou escrevendo essa postagem que so enviarei amanha para ver se o sono chega. Daqui a pouco vou ler um pouco com luz de lanterna.

30 de nov. de 2009

Saindo de Quito

Saindo agora para o parque do Cotopaxi. Provavelmente so volto a postar na quinta.

29 de nov. de 2009

Pichincha - 4.700 m





Hoje subimos o Rucu Pichincha. Pegamos um taxi (U$ 3) que nos deixou na base do teleferico de Quito. Pagamos mais U$ 8 para subir ate 4.100 m. La em cima, ha lanchonetes e um mirante.
Tomamos um cha de coca e logo saimos do complexo para começar nossa caminhada. A trilha e bem marcada e encontramos dezenas de pessoas caminhando. Nem todas iam ate o cume.
Se nao fosse pela altitude, seria uma caminhada tranquila. Menos o final que e cheio de pedras e bem inclinado. O sol apareceu as vezes, mas o ceu ficou encoberto a maior parte do tempo e nao conseguimos ver o Cotopaxi.
Usei so uma meia de algodao, minha bota, uma calça/bermuda de poliamida, uma camiseta dri-fit e uma camisa de Polartec fininha por cima. Na parte das pedras, minha mao deu uma congelada e nao consegui recolher os bastoes de caminhada que foram bem uteis no inicio. Logo que cheguei no cume, coloquei uma luva e resolvi o problema.
O cume e uma grande pedra cercada de nevoa por quase todos os lados. Estavam conosco tres eslovenos, tres alemaes e mais umas dez pessoas. Curtimos a vista, descansamos, comemos barrinhas de cereais e frutas secas e voltamos para o teleferico.
De modo geral, acho que nossa adaptaçao a altitude esta boa. O Maninho chegou primeiro no cume, mas reclamou mais da dor de cabeça depois que descemos. Eu dosei bem na subida e me senti bem inteiro na volta. A dor de cabeça foi bem leve.
As imagens mostram o resumo da trilha marcado pelo GPS. Cerca de 5,5 km de trilha subindo 935 m ate chegar nos 4.700 do cume!

28 de nov. de 2009

Pechinchando


Hoje tiramos o dia para escolher nosso guia, pesquisar preços de aluguel de equipamentos e comprar mantimentos para a semana que vem.
Os preços nas agencias para o pacote de dois dias para o Cotopaxi varia entre U$ 180 e U$ 240 por pessoa. Na associaçao de guias, descobrimos que os aspirantes a guia cobram U$ 110 pelo serviço e os guias experientes cobram U$ 140. O site da Aseguim (www.aseguim.com) tem uma relaçao dos guias credenciados com telefones e e-mail para contato.
Nos optamos por fechar com o guia que eu ja havia contactado ai no Brasil por indicaçao do pessoal do Tambopaxi. O Gustavo cobrara U$ 150 para nos dois e levara quase todo o equipamento especifico: crampons, piolets e arnets. Nos so precisamos alugar as botas duplas que ficam em U$ 5 por dia; U$ 20 no total porque vamos pega-las na 2f e devolve-las na 5f.
Depois de tudo resolvido, fomos ao Panecillo, um mirante a 3.000 m. So sentimos a altitude quando subimos correndo tres lances de escada.
Amanha, vamos subir o TeleferiQo ate 4.100m e depois fazer um trekking ate o cume do Rucu Pichincha (4.700 m). A foto ai do lado, tirada hoje de manha da janela do hotel, mostra parte da cidade e o Rucu ao fundo.

27 de nov. de 2009

Pisando em Quito

Depois de mais de 16h, quatro aeroportos e tres voos chegamos a Quito. Aterrisamos pontualmente as 22h22 daqui, mas perdemos mais de uma hora na fila da imigraçao. Pegamos um taxi na porta do aeroporto e pagamos so U$ 6 para chegar ao hotel. A temperatura esta agradavel e ainda nao sentimos a altitude. Nao vi nenhum termometro, acho que esta uns 15º. Eu dormi bastante nos voos e agora, 4h40 pela hora de Brasilia, estou vendo um programa na TV que fala há mais de 10 minutos sobre a goleada da LDU sobre o FluminenC. O hotel esta igualzinho ao que era em 2005. A diaria e U$ 50 com wifi gratis e decente nos quartos. No Brasil, um hotel nesse padrao seria mais caro e cobraria o wifi.

26 de nov. de 2009

Panama

Chegamos ao Panama. O free-shop do aeroporto tem muita loja mas nao comprei nada. E mais barato que o Brasil mas mais caro que os EUA. Um Wii esta U$ 275, uma maquina digital da Panasonic que custa U$ 270 na Amazon aqui sai por U$ 430. Agora sao 19 h aqui, 22h em Brasilia. E o mesmo fuso de Quito. Nosso voo sai as 20h20. Estou usando o wifi gratuito do aeroporto.

Voo Copa CM 700

Ultima postagem no Brasil. O voo esta vazio.

Embarcando

Tudo conforme progamado ate agora. Voo da Tam saiu de bsb pontualmente as 9h15. Almoçamos aqui em Guarulhos e agora estamos quase embarcando para o Panama.

Julio Areal
HTC Diamond

23 de nov. de 2009

Tentativas




   Esta será a minha quarta tentativa de chegar ao cume de uma montanha. Tudo começou em 1998 quando me juntei a cinco outros idiotas na tentativa de subir o Aconcágua (6.962m). Foi a primeira e, disparado, a mais sofrida e a mais difícil. Eu não passei de cinco mil metros e tive que voltar depois de quatro noites mal dormidas e de sentir a pior dor de cabeça da minha vida. Vejam aí nessa foto como meu rosto inchou um pouquinho! A foto ao lado é do acampamento em Plaza de Mulas a 4.200 m. No final, ninguém conseguiu chegar ao cume; quer dizer, o Luciano conseguiu quando voltou lá  no ano passado.


    Em 2001, tentei subir o Huayna Potosí (6.094m) com Miguel e Gegê. A adaptação à altitude foi a melhor possível. Passamos antes por La Paz, Cusco e fizemos o caminho Inca. Voltamos para La Paz,  fomos ao Chacaltaya (5.421m), e depois contratamos dois guias para nos levar ao cume. Não tive nenhum problema com a aclimatação e dormi bem no último acampamento a cerca de cinco mil metros. Quando chegamos a um platô, depois do Miguel já ter desistido e voltado para o campo base, eu me deparei com uma das paisagens mais bonitas que eu já vi em minha vida. Bateu um cansaço (misturado com um cagaço)  e eu preferi desistir e aproveitar a solidão naquela imensidão gelada. Passei algumas horas esperando o Gegê voltar do ataque final enquanto dezenas de pessoas (foto ao lado) passavam indo e voltando.


     Finalmente, em 2005, consegui chegar a um cume. Eu e Maninho escolhemos o cume mais fácil da Cordilheira Branca no Peru, o Pisco (5.752 m). Mesmo assim foi difícil. Chegamos ao cume, mas senti o esforço na descida. Meu rosto inchou um pouco de novo como mostra esta foto tirada no acampamento depois da volta.
      Lembrei agora de incluir o passeio ao Pico da Bandeira (2.890m). Muito fácil, mas não deixa de ser um cume.

20 de nov. de 2009

Pausa nos preparativos


   Algumas pessoas passaram lá em casa ontem para comemorar o dia da bandeira e tive que dar uma pausa nos preparativos para a viagem.
    Ontem também foi comemorado o quadragésimo aniversário do milésimo gol do Pelé . Poucos sabem, mas a famosa dedicatória que o Rei fez para as criancinhas do Brasil foi uma homenagem ao meu primeiro aniversário que era comemorado naquele exato momento.
    Para não deixar de falar na viagem, sugiro o link do Google Swirl que ainda está em fase de testes no Google Labs.  É um buscador de imagens por semelhanças. É claro que minha primeira pesquisa foi pelo Cotopaxi . O Swirl agrupa as imagens da cratera, fotos com pessoas, fotos panorâmicas, mapas da região...

18 de nov. de 2009

Refúgio José Ribas (4.800m)


Foto de Erik de Leon

    Este é o Refugio José Ribas, localizado a 4.800 m de altura, ponto de partida para a maioria das pessoas que tenta subir o Cotopaxi. O refúgio tem capacidade para cerca de 60 pessoas e possui banheiros, eletricidade, cozinha e água. Pelas informações que obtive, uma noite custa U$ 17 para estrangeiros e U$ 8 para os equatorianos.  O alojamento é um monte de beliches amontoados um ao lado do outro em um galpão. Para aguentar o frio abaixo de 0º é essencial levarmos sacos de dormir para temperaturas negativas.

    Chegar ao refúgio não é complicado. Da entrada do parque é possível alugar uma pickup para nos levar até o estacionamento (4.600m). De lá até o refúgio são cerca de 50 minutos de caminhada.
    É justamente por causa desse acesso relativamente fácil que o abrigo costuma ficar cheio de turistas na alta temporada que começa agora em dezembro. Muita gente que nem pensa em subir o vulcão dorme no abrigo para curtir a vista e caminhar até os glaciares próximos. Para evitar a muvuca e ter uma noite de sono mais tranquila, nós pensamos em passar o dia no José Rivas e voltar para dormir no Tambopaxi mais abaixo. A desvantagem seria ter que acordar mais cedo para pegar a pickup e fazer a caminhada até o refúgio.
   
    

15 de nov. de 2009

O fantasma da altitude

   O que mais me preocupa na viagem é o pouco tempo que vamos ter para nos adaptar a altitude. Minha primeira experiência com o fantasma da altitude não foi muito positiva. Em 1994, quando chegamos de ônibus em La Paz (3.660 m), eu passei muito mal. Alguns anos depois, no Aconcágua, dos seis, eu fui o que mais sofri. Não passei de 5 mil metros e fui obrigado a voltar para Mendoza.
   E nosso organismo não tem uma memória da altitude. O fato de eu já ter ido outras vezes a lugares altos não me dá nenhuma vantagem sobre uma pessoa que esteja indo pela primeira vez. 
   Nosso planejamento segue algumas regras básicas para uma boa adaptação: subir devagar e dormir sempre em um lugar mais baixo do que o mais alto atingido no dia. Alimentação e hidratação também não podem ser negligenciadas.
   O roteiro que devemos seguir é o seguinte:
  • 26/11 - Viagem. Saímos de Brasília às 9h15 e chegamos em Quito (2.800m) às 22h depois de escalas em São Paulo e na Cidade do Panamá.
  • 27/11 - Quito. Dia para pesquisar os preços dos guias, eventual aluguel de equipamento, comprar mantimentos e pegar as últimas informações para a semana seguinte.
  • 28/11 - Quito. Algum passeio perto para algum lugar só um pouquinho mais alto.
  • 29/11 - Quito. A primeira subida é tranquila. Vamos de teleférico (Teleferiqo) até 4.100m. Lá no alto tem restaurantes, um parque e outras atrações. Vamos tentar sair do complexo e subir até o cume do Rucu Pichincha (4.680m), uma caminhada de aproximadamente três horas. Ficamos o maior tempo possível lá no alto e voltamos no último bondinho para dormir mais uma noite em Quito.
  • 30/11 - Vamos cedinho para o Parque do Cotopaxi. Lá fazemos alguns trekkings leves e dormimos em um dos hotéis/refúgios das proximidades, provavelmente o Hotel Cuello de Luna (3.125m).
  • 1/12 - Vamos até o refúgio José Rivas (4.800m) na base do Cotopaxi. Tentaremos dormir no Tambopaxi Lodge (3.700 m)
  • 2/12 - Trekking leve no parque e muito descanso para dormir cedo no refúgio e começar o ataque ao cume de madrugada.
  • 3/12 - Sofrimento! Vamos começar o ataque ao cume à meia-noite. A previsão são sete horas de percurso até a cratera. Depois mais umas três  horas para o retorno até o refúgio. No mesmo dia, retornamos para Quito.
  • 4/12 - Dia de descanso em Quito.
  • 5/12 e 6/12 - Saímos de Quito no sábado, às 16h, e chegamos em Brasília às 8h25 de domingo, depois de escalas no Panamá e Belo Horizonte.

14 de nov. de 2009

Arrumando a casa

   Hoje foi dia de tentar dar uma arrumada no blog. Inseri a foto do Cotopaxi aí em cima. Procurei fotos no Flickr  que tivessem licença Creative Commons. Escolhi a foto de uma agência de viagens do Equador que permite que outros a copiem, desde que não haja interesse comercial e o crédito seja dado da maneira que eles estabeleceram. Por isso, acrescentei o código lá embaixo que é um link para a galeria deles no Flickr.
   Adicionei também um contador do Google Analytics. Como eu já tenho conta no Google, foi só logar, inserir o blog no meu perfil do Analytics, copiar o código fornecido para o Blog e pronto.
   Por último, inseri uma relação de links aí do lado direito.

13 de nov. de 2009

Por que pescoço?

   Um pescoço de quase 6 km de altura! 5.897 m acima do nível do mar, o Cotopaxi é a segunda montanha mais alta do Equador – só perde para o Chimborazo e seus 6.257 m. Pescoço da lua (cuello de luna em espanhol) é o significado de Cotopaxi em Quechua segundo o site de uma das diversas empresas que organizam escaladas no Equador. Já a Wikipedia em espanhol traz outras explicações: Cotopaxi significaria rei da morte em um dialeto caribe, altar da lua em Cayapa e massa de fogo em Quechua. Imagino que minha família ficaria preocupada se eu tentasse subir o rei da morte ou a massa de fogo, então optei por pescoço da lua para o nome do Blog.
   A escalada é considerada fácil e não exige maiores técnicas. Com um bom preparo físico e uma boa adaptação à altitude, temos grandes chances de chegar ao cume. O Cotopaxi é considerado um vulcão ativo, mas a última grande explosão ocorreu em 1877. No século passado, a última pequena erupção foi em 1975. Nos últimos anos, só fumaça.
   Apesar de eu ser um dos mais antigos internautas brasileiros (fui selecionado entre os primeiros usuários da Internet pública na época da Embratel), esse é meu primeiro blog. Vou tentar mantê-lo atualizado com os preparativos da viagem e escrever sobre minhas expectativas e receios antes de tentar subir mais um morrinho. Pelo menos, vai servir para ajudar meu planejamento e organização para a viagem.